Uberlândia alcança, em 2025, um dos resultados mais
expressivos da educação pública brasileira: 80% das crianças da rede municipal
encerram o 2º ano plenamente alfabetizadas. O índice — um dos mais altos do
país — confirma a consolidação do Pacto pela Alfabetização e reforça a cidade
como referência nacional no ensino da leitura e da escrita na idade certa.
O avanço de Uberlândia ganha ainda mais relevância quando
comparado ao cenário brasileiro. Segundo o SAEB/INEP, apenas 36% a 40% das
crianças brasileiras chegam ao final do 2º ano alfabetizadas, enquanto mais da
metade permanece em nível insuficiente de leitura. A trajetória escolar também
evidencia o desafio nacional: a defasagem idade-série continua elevada, a
evasão cresce a partir dos anos finais do ensino fundamental e apenas um terço
dos jovens conclui o ensino médio na idade adequada. Nesse contexto, alcançar
80% de alfabetização no 2º ano coloca Uberlândia muito acima da média do país e
a consolida como uma das redes públicas que mais avançam na aprendizagem
inicial.
Evolução histórica desde 2021
Quando o Pacto foi implementado em Uberlândia, em 2021, o
cenário era desafiador: apenas 6% das crianças do 1º ano estavam em nível
adequado de leitura, e somente 14% do 2º ano eram consideradas alfabetizadas. A
partir daí, a rede municipal passou por uma transformação progressiva. Em 2022,
primeiro ano de implantação do programa, os índices já avançaram para 56% e
73%. Em 2024, o município recebeu um importante reconhecimento do Ministério da
Educação (MEC), com a concessão do Selo Nacional Compromisso com a
Alfabetização e, em 2025, mesmo diante de uma avaliação mais rigorosa,
Uberlândia registra 70% das crianças do 1º ano em nível adequado de leitura e
alcança seu melhor resultado histórico no 2º ano, com 80% plenamente
alfabetizadas.
Avaliação mais precisa valoriza o aprendizado real
Neste ano, a Secretaria Municipal de Educação adotou um novo
modelo de avaliação, mais alinhado às evidências científicas e focado nas
habilidades essenciais da alfabetização. A atualização aprimora o diagnóstico e
permite intervenções pedagógicas ainda mais assertivas.
“Uberlândia encerra seu quarto ano de implantação do Pacto
pela Alfabetização com resultados que mostram a consolidação de uma política
pública construída ao longo do tempo. Quando o programa começou, apenas 14% das
crianças do 2º ano liam; hoje, são 80% das crianças. Esse avanço é fruto de um
trabalho coletivo, que envolve professores, diretores, equipes técnicas da
Secretaria de Educação e as famílias, e revela o quanto a rede foi se
apropriando da proposta pedagógica, fortalecendo suas práticas e ganhando
consistência na implantação. Em um país em que apenas 59% das crianças estão
alfabetizadas, experiências como a de Uberlândia mostram que é possível avançar
com políticas bem estruturadas, contínuas e sustentadas pela comunidade”,
destaca Jaqueline Machado, diretora do Instituto Raiar.
Impacto social: alfabetizar na idade certa transforma
vidas
Uma criança que não lê no 1º ano tem maiores dificuldades de
aprendizagem, maior risco de repetência, autoestima prejudicada e maior
vulnerabilidade ao abandono escolar, à violência e à pobreza. Já a criança
alfabetizada na idade certa avança com mais segurança na escola, reprova menos,
permanece estudando e amplia significativamente suas oportunidades de emprego,
renda e mobilidade social. Por isso, investir na alfabetização inicial é também
investir em equidade e em desenvolvimento social.
Modelo de atuação que sustenta resultados
O sucesso de Uberlândia está diretamente ligado ao modelo de
atuação do Pacto, que combina a entrega de material didático estruturado e uma
proposta pedagógica consistente, o engajamento da família e de toda a
comunidade escolar na agenda da alfabetização, a gestão orientada por
indicadores — com monitoramento contínuo da aprendizagem, da presença dos
alunos, do fluxo e do ritmo de atuação docente — e a formação continuada de
professores baseada nos achados científicos mais recentes. Essa integração de esforços
garante acompanhamento permanente, diagnósticos precisos e intervenções
rápidas, permitindo que nenhuma criança fique para trás.
A colaboração entre setores público, privado e social foi
essencial para o sucesso do programa na cidade. A Secretaria Municipal de
Educação estabeleceu parcerias estratégicas com o Instituto Projeto de Vida,
co-financiador do programa que mobilizou empresários por meio da Associação
Empresarial de Uberlândia (ACIUB), e com o Instituto Raiar, de Brasília,
organização estruturante do Pacto. Essa articulação ampliou a capacidade
técnica, o engajamento e a sustentabilidade da política pública, garantindo que
ela se fortalecesse ano após ano.
“A Secretaria de Educação, a equipe do CEMEPE, nossos
diretores e professores estiveram engajados desde o início do processo para
tornar realidade os resultados alcançados. São eles os principais agentes
transformadores, que atuam diariamente na estratégia e na prática, garantindo
que o Pacto pela Alfabetização se concretize em cada sala de aula. Seu trabalho
dedicado merece todo o nosso reconhecimento, pois essa conquista, que tanto nos
orgulha, é fruto de um esforço coletivo que realmente vale a pena. Quem mais
ganha com cada passo dado são as nossas crianças, alfabetizadas na idade certa
e preparadas para seguir aprendendo com confiança. O Pacto pela Alfabetização
reafirma o compromisso de Uberlândia com a comunidade escolar, unindo poder
público, educadores e famílias em uma missão comum: oferecer uma educação de
qualidade e transformar o futuro de nossas crianças”, ressalta Tânia Toledo,
secretária municipal de Educação.
Parceiro desde o início, o Instituto Projeto de Vida (IPV)
reforça o impacto transformador da política pública.
“Para o IPV, participar como parceiro em algo que
acreditamos profundamente e envolver empresários nessa jornada, tem tudo a ver
com nosso propósito de transformar a realidade e promover inclusão. Sabemos que
a criança que aprende a ler na idade certa aumenta significativamente suas
chances de construir um futuro melhor”, afirma Raquel Garcia, presidente
executiva do IPV.
Desde 2021, mais de 40 mil crianças da rede municipal
já foram impactadas pelo Pacto. O programa se tornou um modelo replicável para
outros municípios brasileiros e segue alinhado às diretrizes nacionais, como o
Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, do Ministério da Educação.
Sobre o Pacto pela Alfabetização
O Pacto pela Alfabetização é uma Política Pública
colaborativa e apartidária para a alfabetização, que integra as dimensões
política, social, gerencial, científica, pedagógica e financeira, todas
necessárias para a articulação das múltiplas variáveis envolvidas no desafio de
garantir a alfabetização inicial no 1º ano e sua consolidação no 2º ano.
Alinhado às diretrizes nacionais como a LDB, BNCC e ao mais recente
“Compromisso Nacional Criança Alfabetizada”, o Pacto pela Alfabetização tem se
mostrado um modelo sustentável, replicável e escalável para redes públicas de
ensino e está presente em 12 cidades espalhadas por 5 estados.



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