A geração “nem-nem” (não estuda nem trabalha) é uma preocupação mundial. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que, globalmente, 20,4% dos jovens não estudam, não trabalham e não estão em programas de qualificação profissional. Na América Latina, o percentual era de 19,6% em 2023.
No Brasil, ainda que a taxa tenha caído para 21,2%, segundo a
Síntese de Indicadores Sociais 2024 divulgada pelo IBGE, o país se mantém à
frente da Argentina, Chile e Bolívia em número de pessoas entre 15 e 29 anos
fora da escola e do mercado de trabalho.
Para o professor Jeferson Marcelo da Silva, coordenador da
Escola Técnica Tupy – instituição do ecossistema UniSociesc -, um dos caminhos para
reverter esse cenário é investir na capacitação técnica. “Os cursos técnicos
são focados em habilidades práticas que atendem às demandas do mercado. Além
disso, têm alta empregabilidade. Esse combo é perfeito para reduzir o
percentual de jovens ‘nem-nem’.”
Mestre em Engenharia Mecânica, pós-graduado em Pedagogia
Gestora e formado em Administração com Ênfase em Negócios, Jeferson afirma que
a permanência
de jovens fora do sistema educacional e do mercado de trabalho compromete a
qualificação e prejudica a inserção desse público em empregos qualificados e
bem remunerados.
“A geração ‘nem-nem’ escancara um ciclo vicioso de exclusão social
e econômica. Com um problema social, precisa ser discutido e resolvido”,
comenta o professor, que também coordena as áreas de Engenharia, Arquitetura e
Tecnologias da Informação da UniSociesc.
Causas da geração “nem-nem”
Diversos fatores contribuem para a permanência de jovens na
condição “nem-nem”. Entre as principais causas apontadas por especialistas estão
a dificuldade de acesso à educação de qualidade, gravidez precoce e
desinteresse pelo trabalho formal.
“A falta de oportunidades de qualificação e a dificuldade de
inserção no mercado formal dificultam a saída dos jovens dessa situação, por
isso, é importante também que as escolas estejam atentas às transformações do
mundo do trabalho para oferecer a esse público uma educação alinhada às demandas
e aos interesses atuais”, continua Jeferson Marcelo da Silva.
Problema global
A expressão “jovens nem-nem” começou na Espanha,
como “ni-ni”. Em inglês, ficou conhecida como “NEET” (Not currently Engaged
in Education or Training) e passou a ser utilizada como referência
aos jovens que nem estudam nem trabalham.
A saída para reverter esse fenômeno, reforçar o coordenador
da ETT, professor Jeferson Marcelo da Silva, passa pela educação e pelo
protagonismo dos jovens no processo de aprendizagem. “A educação e o mundo do
trabalho vivem uma profunda transformação com o uso cada vez maior da
tecnologia e da inovação. Para atrair a atenção e o interesse dos jovens, o
país precisa oferecer formação de qualidade.”