Brasil registra aumento de 68% nos afastamentos por problemas de saúde mental

 

Especialista ressalta a importância de medidas para prevenção de problemas emocionais e cuidado com a saúde no ambiente de trabalho


O Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de maio, reforça não apenas a importância dos direitos trabalhistas, mas também a necessidade de atenção à saúde mental no ambiente profissional. Em 2024, o Brasil registrou 472.328 afastamentos por problemas de saúde mental relacionados ao trabalho — o maior número em pelo menos dez anos, segundo dados do Ministério da Previdência Social. O aumento foi de 68% em relação ao ano anterior.


Diante desse cenário, especialistas alertam para a urgência de ações preventivas nas empresas. A psicóloga Denise Milk afirma que o adoecimento emocional já impacta diretamente a produtividade, o clima organizacional e o bem-estar dos trabalhadores. “A saúde mental não pode mais ser vista como algo secundário. Esses números mostram que estamos diante de um colapso emocional coletivo — e ele acontece, principalmente, dentro das empresas”, afirma.


Uma das principais ferramentas para enfrentamento desse problema é a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1). A norma exige que empresas adotem medidas específicas para prevenir o adoecimento emocional no ambiente de trabalho. Entre os pontos obrigatórios estão a identificação de fatores de risco, como sobrecarga de tarefas, assédio e ambientes de tensão constante.


“A NR-1 impõe um olhar mais atento à saúde mental no trabalho. Mas mais do que uma obrigação legal, as empresas precisam encarar essa mudança como uma oportunidade de transformar a cultura organizacional”, diz Denise.


Apesar da legislação, Denise ressalta que o avanço depende da aplicação prática nas rotinas das organizações. “A legislação é um passo importante, mas o que realmente fará diferença será a maneira como as organizações encaram essa mudança. A cultura empresarial e a atuação das lideranças são essenciais para garantir ambientes de trabalho saudáveis.”


Entre as ações que podem ser adotadas pelas empresas, a psicóloga destaca:

Incentivar o diálogo entre lideranças e equipes;

Distribuir tarefas de forma equilibrada, evitando sobrecarga;

Oferecer suporte psicológico, com programas de saúde mental;

Combater o assédio e a discriminação no ambiente de trabalho;

Permitir pausas e flexibilização da jornada de trabalho, quando possível;

Reconhecer e valorizar os profissionais, com feedbacks e planos de desenvolvimento;

Promover o acompanhamento constante das lideranças, para que se tornem modelos de saúde mental positiva e bem-estar no ambiente corporativo.


“Se a empresa mantém uma cultura que valoriza apenas a produtividade extrema, sem dar espaço para pausas e bem-estar, o risco de adoecimento emocional será sempre alto. O acompanhamento contínuo das lideranças, com treinamentos e atenção à sua saúde mental, é decisivo para um ambiente de trabalho saudável”, conclui Denise Milk.

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