Inovação e modernização: O caminho da neoindustrialização brasileira

 

*Por João Santos, especialista de soluções do SiDi, Instituto de Tecnologia


À medida que o mundo testemunha uma mudança emblemática na indústria, o Brasil se vê diante de uma oportunidade única de repensar sua estratégia industrial.  O cenário global tem sido marcado pela desindustrialização, com muitos países transferindo suas linhas de produção para territórios com custos de mão de obra mais baixos, notadamente a China. Contudo, conforme as nações reavaliam suas dependências externas e consideram a segurança e a resiliência de suas cadeias de suprimentos, uma nova tendência emerge: a repatriação estratégica de indústrias. 

A China, que é há muito tempo uma potência industrial, desempenhou um papel importante nessa transformação, tornando-se não apenas o epicentro da produção global, mas também o principal parceiro comercial do Brasil. Em contrapartida, o país sul-americano enfrentou um declínio em suas exportações industriais, impulsionando a reflexão sobre a necessidade de uma abordagem renovada para o desenvolvimento industrial. 

Para enfrentar os desafios inerentes a essa transição, é essencial adotar uma abordagem holística que combine viabilidade financeira, eficiência produtiva e integração tecnológica. O Brasil deve buscar não apenas fortalecer sua base industrial, mas também alinhar suas iniciativas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o ODS 9, que visa construir infraestrutura e promover uma economia sustentável. 

E para esse contexto, surge o conceito emergente da “indústria conectada”, que transcende a visão convencional das empresas e instituições para abraçar a interconexão e colaboração entre diversos atores do ecossistema industrial. A cooperação entre diferentes setores, instituições de pesquisa, startups e governo torna-se essencial para incentivar a competitividade e a adoção de tecnologia de ponta. A modernização da indústria brasileira não se limita apenas à adoção das novas tecnologias, mas também, à resolução de desafios históricos por meio da cooperação e inclusão tecnológica. A utilização de tecnologias emergente, como IA, realidade aumentada e virtual, está transformando os processos produtivos, permitindo simulações virtuais completas de plantas industriais e identificando otimizações antes mesmo da construção física. 

À medida que o Brasil se encaminha para uma nova era industrial, a cooperação e a inclusão tecnológica emergem como pilares fundamentais para a “nova indústria”. O futuro da indústria brasileira depende não apenas da modernização tecnológica, mas também da colaboração entre diferentes agentes para criar um ambiente industrial mais resiliente, competitivo e sustentável.

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