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| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil | 
Proposta tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados
Por Lucas Pordeus León - Repórter da Agência Brasil - Brasília        | Edição: Juliana Andrade
      Um projeto de lei (PL) em tramitação na Câmara dos Deputados          prevê que as praias de cada município litorâneo podem ter até          10% da área com o acesso restrito, privilegiando os usuários de          empreendimentos turísticos, como hotéis de luxo.
        O PL 4.444/2021, de autoria do deputado federal Isnaldo          Bulhões (MDB-AL), tramita em regime de urgência na Casa, podendo          ser votado a qualquer momento no plenário, a depender de acordo          entre os líderes. Porém, não há previsão de votação desse texto,          por enquanto.
        O projeto prevê expressamente a restrição do acesso às praias          ao incentivar a criação de Zona Especial de Uso Turístico          (Zetur).
        "Delimitação de, no máximo, 10% da faixa de areia natural de          cada município, que poderá perceber restrição de acesso a          pessoas não autorizadas, limitado o uso a empreendimentos          turísticos como hotéis, parques privados, clubes, marinas ou          outras que sejam autorizadas pelo Ministério do Turismo, sendo          vedada a destinação dessas áreas a propriedades de uso          unifamiliar", diz o texto do projeto.
        Apresentado em dezembro de 2021, o texto cria "o Programa          Nacional de Gestão Eficiente do Patrimônio Imobiliário Federal".          A proposta altera a Lei 9.936 de 1998, que disciplina o uso dos          terrenos de marinha, os mesmos que são abordados pela PEC das          Praias.
        Em 16 de fevereiro de 2022, o plenário da Câmara aprovou a          urgência para o projeto com 321 votos favoráveis e apenas 91          contrários e o apoio do governo de Jair Bolsonaro. Encaminharam          contra o projeto apenas os partidos da oposição na época, PT,          PSB, PSOL, PCdoB e Rede. Seis dias depois, foi designando como          relator o deputado José Priante (MDB-PA).
        Em entrevista à Rádio Nacional, a diretora do Departamento de          Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente e          Mudança do Clima, Ana Paula Prates, afirmou que o PL 4.444 forma          um pacote junto com a proposta de emenda à Constituição          conhecida como PEC das Praias. Essa PEC transfere a propriedade          dos terrenos do litoral brasileiro, hoje sob o domínio da União,          para estados, municípios e proprietários privados.
        "O PL transforma as praias em uma zona de interesse turística          e os municípios poderiam privatizar até 10% dessas áreas. Então,          tudo isso está andando junto. É um pacote", alertou.
        A Agência Brasil procurou o deputado Isnaldo Bulhões para          comentar o PL 4.444, mas não obteve retorno até o fechamento da          reportagem. O parlamentar lidera o segundo maior bloco da          Câmara,  com 146 deputados e que reúne quatro legendas: MDB,          Republicanos, PSD e Podemos.
        PEC das Praias
        Nas últimas semanas, a chamada PEC das Praias (3/2022) ganhou          destaque no Brasil ao ocupar amplo espaço na imprensa, nas redes          sociais e nas ruas. Os críticos afirmam que a PEC em tramitação          no Senado pode levar à privatização de praias no país.
        Apesar de a PEC relatada pelo senador Flávio Bolsonaro          (PL-RJ) não prever expressamente a privatização das praias, os          críticos apontam que, ao transferir para proprietários privados,          estados e municípios os terrenos de marinha, hoje sobre controle          da União, haverá a possibilidade de se dificultar o acesso às          faixas de areia.
        Os terrenos de marinha são todas as áreas até 33 metros da          maré mais alta. Além da questão do acesso às praias, os críticos          apontam que a transferência dessas áreas da União para outros          entes ou proprietários privados traz riscos ambientais devido ao          possível mau uso desses espaços banhados pelas correntes          marítimas.
        Após a repercussão negativa da PEC das Praias, o relator          Flávio Bolsonaro anunciou nesta segunda-feira (10) uma alteração          na proposta para incluir um artigo dizendo que as praias são          bens públicos de uso comum, sendo assegurado livre acesso a elas          e ao mar. Porém, a mudança anunciada pelo senador ainda não foi          protocolada no sistema do Senado.
        O senador fluminense sustenta que o objetivo da proposta é          dar mais liberdade de ação aos municípios para uso desses          terrenos, assim como acabar com a cobrança de uma taxa que quem          tem a posse dos terrenos de marinha precisa repassar à União.
        Áreas especiais
        A criação de zonas especiais para o turismo foi aprovada na          semana passada no Senado, em um texto também relatado pelo          senador Flávio Bolsonaro. O Projeto de Lei 1.829/2019 atualiza a          Lei Geral do Turismo (Lei 11.771 de 2008) e incentiva a criação          de áreas especiais de Interesse Turístico (Aeits), mas não prevê          a limitação do acesso às praias, como o PL 4.444 de 2021.
        No projeto aprovado no Senado, as Aeits são definidas como          "territórios que serão considerados prioritários para facilitar          a atração de investimentos e realizar parcerias com o setor          privado". Agora, a medida aguarda deliberação da Câmara.
      
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