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| Para especialistas, expansão do saneamento é grande desafio para 2024 Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil | 
Lei 14.026/20 prevê universalização dos serviços de água e esgoto até 2033, mas ainda esbarra na burocracia e falta de informações técnicas
Por Brasil 61
      Com a meta de universalizar os serviços públicos de saneamento        no país até 2033, especialistas avaliam que 2024 será um ano        desafiador para o setor. O sócio da SPLaw, doutor em direito pela        PUC-SP e pós-doutorando pela USP, Guillermo Glassman, afirma que é        preciso superar obstáculos para garantir abastecimento de água e        esgotamento sanitário de qualidade à população.
      "Há dois grandes desafios. O primeiro deles é viabilizar a        celebração de contratos de prestação de serviços públicos de        saneamento básico que garantam abrangência universal. A celebração        desses contratos exige planejamento, fonte de financiamento e        citações públicas. O segundo grande desafio é a gestão desses        contratos, de modo que as metas neles estabelecidas sejam        cumpridas", avalia.
      A ampliação da cobertura em âmbito nacional, de acordo com        Glassman, também esbarra em outros fatores como burocracia e        insuficiência de informações técnicas. "A execução de grandes        obras no país enfrenta enormes dificuldades burocráticas e de        gerenciamento decorrentes dos licenciamentos, ausência de adequado        cadastramento de sistema de água, esgoto, gás e energia e outras        interferências que podem dificultar a execução de empreendimentos        de infraestrutura".
      A advogada Ariana Garcia, presidente da Comissão de Saneamento        da OAB Nacional, acredita que o tema estará novamente no centro        das discussões este ano. "Se tem algo que a Lei 14.026 trouxe de        relevante foi no sentido de despertar a preocupação que, às vezes,        nem sempre era prioritária do gestor municipal, de regularizar a        contratualização desse serviço, assim como para os prestadores        também se adaptarem", pontua. 
      Para Ariana, debater soluções para o setor pode "acelerar" o        processo de modernização do saneamento nos municípios,        "considerando como é deficitário o alcance do serviço pela        população".
      Investimento privado
      Levantamento do Instituto Trata Brasil mostra que 92,8 milhões        de brasileiros ainda vivem sem coleta de esgoto, ou seja, 44,20%        da população. Na opinião de Guillermo Glassman, o Estado por si só        não tem fôlego para reverter este quadro. Para enfrentar o        problema, ele considera que a mudança mais significativa está        relacionada ao regime de contratação das empresas.
      "Pela nova norma, não mais será possível aos municípios        realizar convênios com os respectivos estados, nem celebrar        contrato de programa com os entes estaduais e empresas estatais de        outra unidade federativa. Os investimentos privados são, agora, o        pilar para o atingimento dessas metas, por meio de concessões e de        parcerias público-privadas", lembra. 
      No Congresso Nacional, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), membro        da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, pensa da        mesma forma. 
      "O saneamento está sendo viabilizado pela iniciativa privada.        Alagoas, por exemplo, já teve muitos investimentos da iniciativa        privada. O objetivo do Marco Legal do Saneamento foi exatamente        atrair investimentos do setor privado, porque o governo não tem        dinheiro para fazer investimento", ressalta.
      A Lei 14.026/2020, a que se refere o senador, prevê que todas        as cidades do país garantam, até 2033, acesso à água potável a 99%        da população. Já o tratamento e coleta de esgoto deve chegar à        casa de pelo menos 90% dos brasileiros.
    


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